Matança:
"É uma das mais antigas povoações do concelho; há quem a faça remontar à época dos romanos. Efectivamente estando situado entre dois rios, sobre cada um deles ainda hoje existe uma ponte romana.
A ponte sobre o rio Carapito, que vem da serra da Lapa, é de dois arcos e muito elegante, outrora ligada á povoação por uma calçada romana, de que também ainda existem vestígios.
O nome de Matança vem-lhe de um encarniçado combate ali travado, segundo uns, entre romanos e bárbaros (alanos?) e, segundo outros, entre cristãos e árabes. Desta segunda opinião é um manuscrito em poder do Sr.Padre Pinto Ferreira, segundo este manuscrito, passando Almansor com as suas hostes por Aguiar da Beira, e tendo destruído o convento do Sismmiro, marchando para o Sul, pelo vale do Dão iam assolando, incendiando e matando quanto encontravam no seu caminho.
Ao presenciarem tantas calamidades, muitos capitães cristãos se reuniram e procuraram fazer-lhe frente numa planície que ainda hoje tem o nome de «Campo do Desbarate», na povoação do Souto de Aguiar; mas os cristãos foram vencidos sendo mortos alguns dos principais cavaleiros com muitos soldados a pé.
Continuando os mouros a sua marcha para o Sul, reuniu-se um maior número de cristãos e caíram de improviso e de noite sobre eles, infligindo-lhes uma grande derrota, e morreu grande número de sarracenos. O lugar em que se feriu este combate ficou conhecido pelo nome de Matança.
Os que opinam que tenha sido o combate entre romanos e bárbaros, fundam-se na tradição local que assim o conta, dizendo-se que os romanos, repelindo os bárbaros, fizeram neles tão grande mortandade que ao sítio se ficou chamando «Matança Grande”. Abonam-se estes ainda com a tradição de que existiu no sítio, até ao fim do século passado, uma lápide romana alusiva ao facto.
No tempo das lutas liberais deu-se nesta terra um acontecimento horroroso de canibalismo político. Como o abade, de nome Garcia, ou Barros, professasse ideias miguelistas, numa reacção liberal os «carracas do caco» vindos dos lados da serra da Estrela, assaltaram-no na igreja, em dia de S. Bartolomeu, no próprio momento em que celebrava a missa; arrancaram-no do altar e revestido dos paramentos litúrgicos, fizeram-no percorrer de joelhos o adro da igreja, ao mesmo tempo que lhe foram cortando as orelhas os dedos das mãos, para afinal acabarem de matar no caminho de Algodres, arrancando-lhe do peito aberto o coração vivo e palpitante. (Páginas de Sangue, por Sousa e Costa, pág 53).
O concelho de Matança, que pertencia à Comarca de Trancoso, foi extinto e incorporado no de Fornos em 1836, com todas as suas propriedades camarárias."
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